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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Morrer para dar vida

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Em entrevista à BBC, o voluntário Yasuteru Yamada, que tem 72 anos e
negocia com o reticente governo japonês e a companhia, usa uma lógica
tão simples quanto assombrosa.
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"Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um cancro vindo da radiação
levaria de 20 a 30 anos para surgir. Logo, nós que somos mais velhos
temos menos risco de desenvolver cancro", afirma Yamada.
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É arrepiante. Na contramão do individualismo atual - e lidando de uma
maneira absolutamente realista em relação à vida e à morte -,
sexagenários e septuagenários querem dar uma última contribuição: serem
úteis nos seus últimos anos e permitir que alguns jovens possam chegar
às idades deles com saúde e disposição semelhantes.
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O que mais impressiona em toda a história é a matemática da vida. A
morte não é para eles um problema a ser solucionado - ou talvez
corrigido, pela hipótese mística da vida eterna que medicina e
biologia tentam encampar e da qual as revistas de boa saúde tentam nos
convencer; a morte é, de facto, a constante da equação.
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Nada que o mundo ocidental não conheça. O filósofo alemão Georg
Friedrich Hegel (1770-1831) certa vez definiu "mestre" como alguém
desapegado da vida a ponto de enfrentar a morte, enquanto "servo"
seria um escravo do desejo de continuar vivo - e que obedeceria mais
às regras que lhe garantissem a sobrevida. Em consequência, o servo
anula sua vontade de transformar o mundo e a si mesmo.
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Criados numa sociedade de consumo, corremos o risco de levar essa
escravidão às últimas, defendendo a boa saúde e os confortos com muito
mais afinco do que aquilo que podemos fazer por nós e pelos outros
enquanto ainda gozamos dela.
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Os senhores do Japão ensinam que a morte é a hora em que podemos
continuar a existir na memória das pessoas - uma oportunidade que,
para mim, eles não perdem mais.
Nota: Jesus no Evangelho anuncia: «Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto» (Jo 12,24). Interessante como esta palavra continua ser prática concreta em tantos cantos do mundo.
Recebido por mail....

1 comentário:

Graça Pereira disse...

Morrer...é apenas acordar num outro lugar!
Bj
Graça