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terça-feira, 24 de julho de 2012

A Madeira nova no seu melhor


Terça-feira. Dia de farpas no Banquete...

Já não há vergonha nenhuma nesta Madeira dita de nova. Como nos impressiona sobremaneira as atitudes. 
Um presidente de Câmara que, despudoradamente, arranca para férias, mergulhar nas serenas águas de uma piscina na outra ilha das férias dos madeirenses. Com o maior dos desplantes abandona os seus munícipes fustigados por chamas nunca vistas entre nós, que lhes devorou os bens e a alma. Estes, mergulhados na pior das tristezas ficam à mercê da sua sorte, ao relento, sem comida, sem roupa e às investidas dos oportunistas ladrões inconscientes que se aproveitam da fragilidade das pessoas para lhes roubar o que lhes restou da tragédia.
Porém, gostaria de salientar o trabalho incansável, a dedicação extraordinária da Junta de Freguesia de Gaula e o vereador do Grupo de Cidadãos na Câmara de Santa Cruz. Só posso tomar as suas atitudes como exemplares e são uma lição de cidadania extraordinária. Uma lição aos partidos políticos. Uma lição a todos os cidadãos. No meio de tanta insensibilidade dos governantes, deparamo-nos com este oásis bonito de amor aos pobres e aos desafortunados da nossa terra. Estes cidadãos não se encaixam em nenhuma nomenclatura das Madeiras, nem velha nem nova, são cidadãos pela Madeira e isso basta. Bem hajam
Outra fénix na sofreguidão de cumprir agenda, na quinta das araras, desperta do meio das cinzas e lembra-se de fazer carnaval. Nada melhor para esquecer uma tragédia senão promover um banquete para as trupes que participam nos carnavais. A melhor altura para a Madeira nova mostrar para que servem os nossos impostos. Um desplante, que afronta quem perdeu tudo, quem viu abrasar em segundos o trabalho, suor e lágrimas de uma vida inteira.
Bom, não me surpreende mais esta falta de vergonha, surpreende-me não sabermos de alguém que no meio da trupe dissesse não vou, não participo em nenhum carnaval nesta ocasião porque sei de conterrâneos que precisam de ajuda, de solidariedade, de amizade, de uma palavra, de exemplos de sobriedade… Ninguém nem um que seja, teve coragem para pronunciar o que era necessário e tomar a atitude mais sensata nesta ocasião. Uma pena. Um drama que é fruto da Madeira nova.
Outro regabofe com falta de vergonha à mistura é o rali que emerge das cinzas para divertir os madeirenses e fazer esquecer a tragédia. Outra afronta que envergonha pelo argumento que justifica a sua realização. Se não fosse ridículo merecia algum respeito, mas sendo mais do mesmo para gastar à fartança e encher os bolsos dos mesmos, lá vamos nós gramando estas doses de palhaçada que não faz rir ninguém, mas corar de vergonha perante a insensibilidade deste sistema que virou circo em todas as ocasiões sejam de sorte ou de má sorte. Os desgraçados que se lixem.
As festas partidárias são também uma afronta. Sempre o foram. Primeiro, porque se gasta à grande e à francesa. Segundo, porque rebentam com os arraiais religiosos que já tínhamos em demasia por todo o lado (felizmente, que os apertos financeiros estão a moderar estas festanças e torná-las mais sóbrias e mais dentro daquilo que devem ser mesmo). Terceiro, pelo que representam de ofensas aos pobres, aos adversários e contra Portugal Continental. Quarto, estas festanças sempre foi mais um número do circo que tem sido esta Madeira nova.   
Um partido político adiou a sua festa. Outro vai fazê-la com a ideia enganosa que o produto do lucro dessa festa será para os desalojados. Gostava muito de saber como se põe arraiais a dar lucro. Mais poeira para os olhos. Quanto a esta ideia, seria bonita se simplesmente cancelassem a ramboiada e dissessem que o dinheiro que há para gastar na festa partidária reverte todo para os desalojados. Isso sim, seria interessante e de louvar. Qual o mérito de darem licença a barracas às instituições de solidariedade para angariarem fundos? Qual o mérito de pegarem no produto da venda de bilhetes dos autocarros (5 euros) e depois entregá-lo aos desalojados? – Mais caridade com o dinheiro dos outros… Assim não.
Estou para ver se algumas festas mesmo que para já garantidas que se vão realizar lá para Setembro se forem canceladas, como justificarão os outros - os partidos mais pequenos - o facto de terem realizado a sua ramboiada! Vão ouvir um arraial de críticas tremendo...
José Luís Rodrigues

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