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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Uma fé livre de ideologias


 O que a fé não é (3)
A fé não é uma ideologia
Antes de mais eis a definição do que é uma ideologia: «Conjunto de doutrinas ou crenças que formam a base de um sistema político, económico ou de qualquer outra natureza» (tirado de um dicionário).
A fé não é o que qualquer doutrina, dogma, ideia, norma… pretenda circunscrever, porque se assim for, todos aqueles que vivem de acordo com tais parâmetros e os impõem aos outros, não aceitarão mais nada que esteja fora desse âmbito de pensamento. A variedade de pontos de vista, de perspectivas, de atitudes, de opções e de pensamentos que a fé sempre implica e daí a sua riqueza, não serão aceites por aqueles que defendem a fé dentro dessa redoma pessoal ou do grupo.
Quando a fé se torna ideologia a vida fica mais pequena, não há espaço para uma visão pluralista da existência e do mundo. Por isso, o mais pequeno sinal diferente da fé ideologia que se concebe torna-se diferente, errado ou falso. Está justificada a razão do combate a realizar. Quando assim se procede é ver a insegurança, o sofrimento e a morte que se semeia no mundo. Ai meu Deus quantos conflitos absurdos em nome da fé já foram e serão realizados. Eis uma cegueira que ainda persiste em tantas mentes humanas na actualidade.
Tudo isso resulta quando a fé se torna uma ideologia ou doutrina em nome do poder instalado porque não se permite a variedade teológica e, eventualmente, quando o pensamento que não esteja dentro dos princípios que se delineou para definir o que é a fé, assim sendo, facilmente o tal poder encontra razões para impor o silêncio, o saneamento de pessoas e a proibição do acesso de alguns à comunhão fraterna.
Daí ainda se ouvir falar, vergonhosamente, nos nossos tempos de teólogos que foram banidos, silenciados ou excomungados porque ousaram sair das interpretações oficiais e oficiosas sobre o que «alguns» desejam que seja a fé. O pensamento livre, é um perigo, alguns assustam-se com isso e melhor será imporem o que entendem ser o pensamento de Deus e a acção do Espírito Santo. Esta fé não serve.  
Esta fezada que resulta de uma ideologia não constrói a vida nem muito menos está ao serviço do Evangelho de Jesus Cristo, que sempre nos convoca para a diferença e para o respeito da pluralidade.
A fé não se resume a um dogma, ou a uma única definição do catecismo, ela leva para uma experiência viva quanto ao rico tesouro da mensagem da salvação, que no nosso caso (cristão) está na práxis do nosso Mestre Jesus Cristo. Assim, como Pedro nos alerta para estarmos sempre prontos, a não vacilar diante de tantas doutrinas e interpretações de um mundo frio, calculista, vivendo sob o império do poder que domina os fracos, dz-nos: «Estai sempre prontos a responder para a vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão da vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito» (1Pe. 3,15).
Eis a nossa fé que não que deve ser vivida na liberdade e no respeito pelos os outros. Uma fé que nos anima para a militância na luta constante pela justiça, porque se descobre uma relação pessoal com um transcendente que liberta e que repugna tudo o que sejam meios e formas de opressão da dignidade humana. Por esta fé empenhada, consciente e esclarecida é que vamos, isso nos basta!

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