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domingo, 21 de julho de 2013

A Diocese da capital e as outras

O novo Patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente, explicou muito bem na entrevista que concedeu ao Jornal I, que a Diocese de Lisboa e o Patriarca representam «um peso diferente, porque se está na capital e há muitas coisas, do Estado ou da própria sociedade, que acontecem aqui. Por isso, serei talvez o interlocutor mais à mão. Mas eu não posso falar pela Igreja. Nós, bispos, temos tentado explicar isto: a Igreja não tem uma organização nacional, mas sim internacional, à volta do bispo de Roma. Cada diocese tem a sua autonomia. Há uma Conferência Episcopal, que reúne todos os bispos, mas que também não é um órgão de cúpula. Não se sobrepõe à autonomia das dioceses. É só um órgão de cooperação entre as dioceses» (Jornal I, 20 de Julho de 2013).
Só esperamos que a prática não seja precisamente ao invés desta mensagem. A doutrina está feita, a prática, obviamente, tem muito que se lhe diga e não só por culpa de Lisboa que se faz «chefe» do «resto de Israel», mas também porque esse «resto» se presta à subserviência e alimenta a ideia dos superiores e dos inferiores/subalternos.
Gostei muito da entrevista, menos da frase que responde à última pergunta, feita no contexto da não apresentação de contas do Santuário de Fátima há vários anos: «Então a transparência não é importante? - É importante, mas tem de se jogar com a conveniência». Depois de falar tanto de abertura, de mudança, de simpatia e colaboração com a comunicação social, de participação dos cidadãos na vida pública e dos cristãos na vida da Igreja, denunciando muito bem que o maior dos nossos problemas é termos uma opinião pública pouco interventiva e participativa, esta resposta corresponde à ideia que no melhor pano cai a pior nódoa. De facto, a questão da transparência de contas na Igreja é um grande busílis, que quando confrontados os nossos bispos com esta questão, venha de onde vier, sempre se enterram com a resposta que dão.
Assim, esperamos sem grandes entusiasmos para ver como se vai fazer em Lisboa esse «jogo» da transparência com a conveniência. As coisas não começam bem... Aguardemos pelos próximos capítulos.

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