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sábado, 21 de dezembro de 2013

É possível nascer de novo neste Natal

Comentário à Missa deste domingo IV Advento, 22 de Dezembro 2013
Apetece-me começar assim, Deus não clama por caridade, mas por justiça.
Nunca se viveu um tempo como o nosso onde se fale tanto em solidariedade, caridade, partilha, dádiva… Entre tantas outras palavras que apelam a uma prática que leva cada um a pensar nos outros, especialmente, os mais necessitados.
É urgente dar lugar à esperança nesta hora de sofrimentos vários, de dores desmedidas e de desesperos angustiantes. Não há tempo a perder-se, cada um trás em si o lugar de Deus. O lugar do Seu nascimento.
Mas que lugar tão pobre, dirão os mais exigentes! Sim, pobres todos os corações humanos, mas lugares eleitos para o nascimento de Deus, o Senhor da esperança e da salvação para todos. O Deus da vida partilhada não se deixa intimidar com a pobreza de cada um. É dos pobres que Deus gosta. É dos lugares pobres que se faz a eleição para Ele nascer, não como caridade, mas por elementar desejo que se faça justiça.
Este tempo, é especial. Este tempo do espectro da crise que a todos inquieta face ao futuro. Este tempo dos cortes salariais e do desemprego que condena várias famílias à fome e especialmente crianças a não saborearem algo especial no Natal e quem sabe pior do que isso, ter que irem para a escola sem se alimentarem convenientemente ou a estarem sujeitas à marginalização perante os coleguinhas, porque não têm vestidas as roupas que os mais novos estandardizaram para o momento. Não receberam brinquedos, coisa que os coloca fora do convívio normal com os amigos e colegas. O tempo onde nos surpreendemos ou não com mais pobreza e caímos na real de quanto é vulnerável a condição humana e tudo o que essa condição humana criou como definitivo e acabado. Tudo surpreendente para nós que nos habituamos à Internet, às viagens frequentes de avião, ao bem-estar social e económico... Tudo parecia assegurado e garantido, mas, afinal, facilmente desmoronaram sobre as nossas cabeças as torres de Babel, que, teimosamente erguemos até ao mais alto dos céus.
«...Ele nascer de novo...» - pensaremos - dê por onde der, Ele vai nascer de novo! Basta de solidão, basta de ódios, basta de sofrimentos em tantas almas que nunca souberam o que é a paz, a felicidade da existência e o gosto de viver com o necessário para ser verdadeira humanidade.
Este Deus que quer nascer de novo e que nos desafia a nascermos também em nome do amor infinito pelos homens e pelas mulheres, faz-se criança, símbolo da esperança e da confiança de que da miséria é sempre possível comunicar o sentido e a feliz notícia da Boa Nova do Reino. Bom Natal para todos.

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