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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Funchal a cidade da poncha em tempos de festa

 A cidade do Funchal está cheia. Não falta animação para todos os gostos. Não faltam barracas por todo lado, todas requintadamente a vender uma variedade enorme de coisas, poncha e mais poncha de todos os sabores. Lá nisto foram criativos. Poncha, poncha, e mais poncha para baixo e para cima. A Praça do mar tem uma suposta feira das Casas do Povo com um monte de barracas para vender produtos tradicionais da Madeira. Todas as barracas vendem poncha. Outra criatividade impressionante. Pareceu-me ver apenas uma barraca a vender souvenirs da Madeira, nada de anormal.
Acho que estou enganado sobre a utilidade desta feira. Será que serve para embriagar os poncheiros «Patas rapadas» para os fazer militantes do partido mais democrata do mundo? – O tempo dirá sobre a consistência desta iniciativa e sobre a nossa suspeita.  
Mas podemos continuar a caminhada e encontramos mais ingredientes pela cidade. A Avenida Arriaga também tem barracas. Todas com enorme criatividade. Vendem poncha. Uma ou outra vende flores importadas.
Mas o melhor estava para vir sobre este banho de criatividade que delicia turistas e o pessoal aqui do burgo madeirense.
O Jardim Municipal tem apresentado nestes dias da festa, uma animação muito interessante a condizer com a época e com os tempos da crise. Ontem, por exemplo, assisti à animação do despique e ao espetáculo da «Aldora e Silvestre». Todos se fartam de gozar com a crise e com o famoso buraco da Madeira. Tomara que os buracos fossem só de caruncho, mas pela cantiga parece que a Madeira está esburacada por caruncho graúdo… Fico deveras impressionado como se consegue juntar ali a maior plêiade de «povo superior» e uma fatia considerável de «patas rapadas» a manifestar a sua criatividade de forma destemida a gozar com os governantes previdenciais que fizeram a «Madeira Nova» e responsáveis pelo caruncho da Madeira Nova. Ninguém sai dali sem que lhe cheguem a roupa ao pêlo. Muita orelha desta terra deve ferver nestas noites da festa e não é só por causa da poncha. Toma que a Madeira quando lhe chega a mostarda ao nariz levas de cima pra baixo.
A Aldora enfiou uma série de piadas sobre o buraco da Madeira que impressiona as árvores e até os turistas se riem com a bravura da mulher. Nem sei o que pensar destes «patas rapadas» que descem à cidade para gozarem com isto tudo e manifestarem a sua bravura ingrata diante do nariz de quem tudo deu a favor da Madeira Nova. São os mesmos que antes andavam de pata rapada e descalça sobre a terra batida e calçada fria, os que lavavam o rabiosque nas poças da ribeira uma vez à semana, os que não sabiam o que eram uma casa de banho e aliviavam-se nas retretes no meio dos poios ou debaixo das paredes por essas encostas da Madeira velha. A memória é curta neste povo ingrato.
Agora, depois de terem estradas alcatroadas, água canalizada e energia elétrica e todos os bens providenciais da Madeira Nova, saem da casca e sob a capa da música manifestam a ingratidão desenfreada contra os buracos, as obras escaqueiradas pelos temporais que tanto serviram a meia dúzia de privilegiados do regime chamado Madeira Nova, os empreiteiros falidos, desgarradas e despiques sobre a crise, os desempregados, a gente manhosa e um Fum fum fum de cantaroladas que fazem tremer as pedras.
Uma ingratidão impressionante. Não fora estes ingratos terem descido à cidade, os nossos passeios pelas artérias do Funchal ficavam mais tristes e só sabiam a poncha e a encontros de gente perdida de bêbeda. Se os turistas se reduzem a esta Sodoma poncheira dos tempos modernos não sei o que levam da Madeira. Só espero que comprem uns Cd’s da «Aldora e Silvestre», pelo menos levam além-fronteiras umas piadas foleiras sobre a crise. Que as enfiem isso sim bem fundo nas orelhas dos safados dos troiquistas que andam a tramar o nosso povo, mais os nossos «queridos» providenciais desgovernantes. Um bom ano para todos e sejam felizes.

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