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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Não podemos ser uma fábrica que produz impedimentos contra Deus

A homilia do Papa Francisco de ontem 8 de maio de 2014 na casa Santa Marta foi muito importante. Ainda mais se vemos que foi uma vibrante manifestação contra uma Igreja que muitas vezes se perde em papéis e mais papéis, infernizando assim a vida de tantas pessoas que pedem a recepção dos sacramentos. Agora temos mais uns elementos importantes para continuarmos seguros na prática do acolhimento sem levantar obstáculos às pessoas que desejam acolher a «graça» de Deus pela acção dos sacramentos. As palavras do Papa são claras: «na Igreja, quem administra sacramentos deve dar espaço à graça de Deus e não criar obstáculos ‘burocráticos’». Assim mesmo sem meias palavras, este foi o teor da homilia da missa presidida na Casa Santa Marta.
«Quem faz evangelização é Deus», isso mesmo para que se ponha fim ao «inferno» da burocracia em que está mergulhada a prática dos sacramentos na Igreja. A obra é Deus, a Ele cabe realizar o principal, nós apenas somos instrumentos dessa grande obra que Deus deseja realizar no mundo e na vida de todos. Esta palavra opõe-se ao excesso de burocratização em que estamos ainda mergulhados, quer dentro da Igreja Católica quer em todos os serviços d nossa administração pública. Esta excessiva burocracia afasta de Deus e violenta a fraternidade. Quantas pessoas saem das Igrejas revoltadas e firmemente propositadas a nunca mais voltarem, porque foram humilhadas e carregadas com sardos enormes de burocracia? – Uma das razões para justificarem o anti clericalismo que existe por todo o lado está neste excesso de burocracia.
O modelo a seguir é o Apostolo Filipe, que na leitura dos Atos dos Apóstolos, evidencia as três qualidades cristalinas de um cristão, docilidade de espírito, diálogo e confiança na graça de Deus. A primeira se destaca no momento em que o Espírito manda Filipe interromper as suas actividades e ir até a carruagem na qual viajavam, de Jerusalém para Gaza, a rainha dos etíopes e o ministro. «Filipe, obedece. É dócil ao chamamento do Senhor. Certamente deixou de lado muitas coisas que tinha que fazer, porque naquela época, os apóstolos eram muito atarefados na evangelização. Ele deixa tudo e vai. Isto nos mostra que sem docilidade à voz de Deus, ninguém pode evangelizar, ninguém pode anunciar Jesus Cristo. No máximo, pode anunciar a si mesmo». 
Para Filipe, o encontro com o ministro etíope é uma ocasião de anunciar o Evangelho, mas este anúncio não é um ensinamento que vem do alto, imposto. É um diálogo que o Apóstolo tem o escrúpulo de começar respeitando a sensibilidade espiritual de seu interlocutor, que está lendo, mas sem entender, um texto do Profeta Isaías. Diz o Papa: «Não se pode evangelizar sem diálogo, porque se começa justamente de onde é preciso evangelizar. Como é importante o diálogo. “Padre, perde tanto tempo com as histórias de todos!”. Deus perdeu mais tempo na criação do mundo, e o fez bem! Perder tempo com a outra pessoa é importante porque é ela que Deus quer que se evangelize, que lhe seja dada a notícia de Jesus». 
As palavras de Filipe despertam no ministro etíope o desejo de ser baptizado, e no primeiro lugar onde estava água que encontram na estrada, o Apóstolo administra o Baptismo ao etíope. «Leva-o – observou o Papa – às mãos de Deus, à sua graça». Assim, o ministro, por sua vez, será capaz de gerar a fé e «talvez isso nos ajude a entender melhor que quem faz a evangelização é Deus».
Por fim, conclui exortando: «Pensemos nestes três momentos da evangelização: a docilidade para evangelizar, fazendo o que Deus manda; o diálogo com as pessoas, partindo de onde elas estão; e o terceiro: entregar-se à graça, pois ela é mais importante do que toda a burocracia. “O que impede que?” - às vezes, na Igreja, somos uma fábrica que produz impedimentos para as pessoas chegarem à graça. Que o Senhor nos faça entender isso», concluiu Francisco.

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