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terça-feira, 10 de junho de 2014

Se a ideia pega vai fazer história também entre nós

Já estávamos fartos de ver picos enfiados nas janelas, nos arcos, nas imagens de pedra nos frontais e nos telhados dos monumentos por esse mundo fora. Uma ideia que não choca ninguém, dado que servem para repelir os pombos e mandá-los para outros sítios onde podem lançar os excrementos à vontade sem estragarem o que está edificado para deleite dos nossos olhos.
Porém, a mesma ideia agora surge num recando de rua em Londres onde pernoitava um sem-abrigo. A fotografia suscitou uma onda de contestação geral, o que provocou outras denúncias do mesmo género em outras cidades. Toca a colocar estes picos em metal para que esses seres estranhos que moram na rua não se deitem neste espaço. Uma ideia horrível que se for tomada a sério por muito boa gente que nos desgoverna achará um método genial para enxotar os maltrapilhos que eles lançaram na rua da amargura. Muitos estão desejando de fazer isto em todos os recantos das nossas ruas, para que sejam afastados da responsabilidade colectiva todos os filhos das varas verdes caídos no meio da rua.
É mais fácil fazer como se faz aos pombos, afastá-los para longe. Mas poderia ser melhor para a sociedade inteira atacar as razões que levam a que existam pessoas deitadas no olho da rua. O problema não se resolve com picos no chão, temos que atacar as verdadeiras razões que conduzem ao problema. Isso sim, seria o dever das autoridades, principalmente. Mas, ao invés disso consideram os sem-abrigo uma praga idêntica à praga dos pombos. Ó mundo cruel e triste sem consciência do teu valor e das pessoas que de povoam, que devem ser amadas e respeitadas com dignidade.
A humanidade não aprende que não serve de nada repelir de um lado para o outro os problemas e que mesmo que esteja escondido dos olhos um problema como este, não quer dizer que tenha deixado de existir. Será preciso pensar e atacar a fonte que permite fazer brotar tanta gente que deambula pela rua. No entanto, salvaguarde-se, que a existirem, que sejam respeitados e tolerados como pessoas. E quem se atreva a repudiar de forma discriminatória os sem-abrigo seja punido e que se lhe arranje um abrigo para ver o sol aos quadradinhos. 

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