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terça-feira, 27 de outubro de 2015

A Igreja Católica ligada às máquinas

Três figuras, três protagonistas do Sínodo. O Papa Francisco.
Walter Kasper, o chefe dos alinhamentos do sector reformista.
Gerhard Müller, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,
guardião da ortodoxia e referência do sector conservador.
A Igreja Católica é uma «família» profundamente doente nos tempos que correm. Os laivos de frescura do Papa Francisco não serão eternos e passado o seu efeito virão tempos árduos para a Igreja Católica. Não basta um para fazer a Igreja, mesmo que esse um seja o Papa.
O Papa Francisco colocou o tema da família no centro da reflexão logo no início do seu pontificado. Escutaram toda Igreja. Fizeram uma série de perguntas a todos os católicos e a humanidade de boa vontade. Uma iniciativa inédita e surpreendente.
Fez-se dois Sínodos. Debateram. O diálogo foi aberto até ao máximo. Escutaram testemunhos diferentes. Ouviram as mulheres (poucas, mas algumas lá estiveram e falaram). Alguns casais estiveram presentes (18 casais - se não estou em erro). A maioria dos presentes eram homens, machos celibatários sem nenhuma experiência do que é uma família. Não são pais que nunca deixaram de dormir por causa de um filho que não dorme, chora porque está doente ou tem fome. Não fazem ideia do que é ter que conjugar a vida com outras vidas, uma esposa e filhos e a sogra (como «brincou» o Papa em Filadélfia no encontro com as famílias).
Perante isto tudo aquele grupo enorme de homens, machos, vieram de todo o mundo, alguns são cardeais, outros bispos... Ao que vieram? - Sabemos que vieram confirmar o que toda a gente já sabia. Que há uma doutrina sobre o matrimónio e sobre a família que é intocável. Por isso, o Sínodo não passou de mais conversa (para não dizer paleio e mais paleio) sem carne, sem vida, sem família concreta dos tempos de hoje. Até pode ter tido alguma coisa disso nas palavras do Papa. Mas estava isolado. Foi aplaudido, mas não escutado.
Assim, conclui-se que muitos estiveram lá para se passear com as suas ricas púrpuras. Não levaram nas suas malas, na cabeça e no coração as suas Igrejas concretas e as famílias que as constituem. Não fizeram eco do pulsar daquilo que há hoje por todo o mundo, uma diversidade enorme de ser família. Só algumas figuras da Igreja Católica, porque se tomaram de grande poder do céu e da terra, não se dá conta disso, porque tem medo de um cisma. Porque há uma doutrina intocável. Uma tradição que fizeram ser mais santa do que Deus e a dignidade da vida com o bem maior que é a felicidade das pessoas. Umas leis absurdas que não encontram possibilidade de prática na vida concreta de hoje.
Este grupo reunido em Sínodo prefere que cada um se desenvencilhe perante cada caso e que faça como entender, ou pelo rigor para seguir a linha ou a «santa tradição» (o conservadorismo) ou o encolher de ombros ou a indiferença ou a misericórdia (acolhendo, compreendendo e solucionando) mesmo que por esse caminho estejam sujeitos a serem vítima de serem considerados uns desalinhados revolucionários. Foi este ambiente que o Sínodo semeou. É com mais do mesmo que vamos ter que continuar a viver.
Este resultando medíocre do Sínodo sobre a família, revela-nos uma Igreja Católica enferma, ligada às máquinas, sob uma obsessão que se chama unidade, isto é, o medo do cisma. O último folgo, até ver, chama-se Papa Francisco.
Sinto pena que Roma continue indiferente à indiferença universal que hoje cresce como lume na palha em relação àquilo que prega. Venha daí uma Igreja de Igrejas, onde cada Igreja se organiza e funciona de acordo com as idiossincrasias próprias de cada povo onde está implantada.
Comungo deste sonho do Papa Francisco. 
Mais elementos sobre este tema pode ler nesta análise interessante AQUI. E o seguinte texto também vale a pena. AQUI.

3 comentários:

José Machado disse...

Li e fiquei confuso...
Como pode um homem que escreve assim, aceitar(engolir) tudo o resto e manter-se ao lado dos seus pares?!
Como podem esses pares aceitar quem escreve assim?!

Seja como for, comungo consigo em tudo o que escreveu sobre este assunto e faço minha a sua pergunta: Como pode um bando de solteirões empedernidos pronunciar-se sobre os problemas da Família?!

Um abraço!
José

José Luís Rodrigues disse...

Também fiquei confuso com o seu comentário. Em todo o caso, eu sou ímpar. Sigo Jesus de Nazaré e o Papa Francisco, se preferir. Quanto ao restante, é vida... Um abraço.

Ângela disse...

Percebo a ideia. Mas eles também ouvem muitas confissões. Acho que ajuda a sentir o que vai na cabeça das pessoas e os problemas das famílias.