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terça-feira, 3 de maio de 2016

O regresso de Deus

A nossa fé afirma que o Verbo ilumina cada homem (cada pessoa em qualquer circunstância do mundo e da vida) que vem a este mundo e não apenas os católicos baptizados. Mais afirmamos todos que o Espírito Santo enche toda a terra e move os corações de todas as pessoas na direcção do bem, da verdade e do amor. Estas são expressões de todas as religiões verdadeiras e sinais da obra de Deus na história.
Se esta não for a base comum para o diálogo aberto, sincero e fraterno o que reinará na Igreja será o fundamentalismo que revela espírito de seita e decadência espiritual. Mais se dirá, então, que todos cairemos também num relativismo religioso, e invés de subirmos o monte da transfiguração para a unidade e a comunhão, desceremos ao fundo da vala da miséria da divisão.
O que mais surpreende nas Sagradas Escrituras, é que para a fé não é o ateísmo o mais perigoso, mas o medo e a falta de coragem.
O medo de tomar medidas corajosas que venham dar resposta aos desafios colocados à Igreja, continua a ser muito grande. Não que quer medo do pensamento da humanidade de hoje. Os cristãos cresceram na fé e estão muito mais esclarecidos quanto às questões religiosas. Os homens de hoje autonomizaram-se quanto à fé e à religião, exigem mais qualidade nas celebrações e intervêm na vida da Igreja com responsabilidade e sinceridade. Por isso, sonham com uma Igreja mais fraterna, onde a conversão não seja só para os leigos mas para todos. No fundo, não serve de nada uma Igreja de cristãos pobres e ignorantes. Não se pode temer a democracia e as liberdades modernas. 
O teólogo e escritor checo Tomás Halík, por estes dias na sua estadia em Portugal para proferir uma conferência, o «Regresso de Deus» e apresentar o seu mais recente livro («Quero que tu sejas - Podemos acreditar no Deus do amor?»), defendeu o seguinte: «Penso que a principal diferença entre as pessoas hoje não é entre crentes e os que se dizem não-crentes. Julgo que a principal distinção é entre os que ‘habitam’ e os que ‘procuram’».
Mais ainda se destaca que perante tanto que se vai perdendo, poderá ajudar a que não nos tornemos derrotistas nem que avancemos pela vereda do mais cruel pessimismo, escutemos com seriedade e serenidade: «Às vezes, a fé tradicional está a morrer, mas depois da morte deve vir a ressurreição. A verdadeira fé cristã é a fé da ressurreição, que passou por este momento da morte, da não-crença, da dúvida». É isso mesmo, o regresso de Deus pela porta segura e certa. 

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