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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A ambivalência da noite

Imagem Google
A ambivalência do termo «noite» é qualquer coisa que nos intriga sobremaneira. Mas percebe-se se nos pomos a pensar no que nos dá e no que nos ensina essa rica ambivalência.
Por um lado, sem ser contra o dia, é o melhor tempo para a libertação, para o repouso, para o silêncio e para muitos a ocasião propícia para dar largas à sua criatividade. Tantas vezes se ouve dizer que a criação literária nasce mais fértil durante a noite e que para os estudantes não resta melhor tempo fora das aulas senão o tempo da noite para estudarem as várias matérias dos seus cursos… Para a maioria, a noite retempera as forças e apaga do mundo por horas os cérebros que se recompõe mais uma vez para dar vida e realidade aos projetos e aos sonhos.
Por outro lado, a noite ao contrário do dia é símbolo do mal. Pela calada da noite, a violência fere a dignidade e conduz à mansão dos mortos. A noite esconde os maus comportamentos e normalmente é o tempo da libertinagem. Os jovens aproveitam a noite para se embriagarem, drogarem e pisarem o riso no domínio do sexo. É pela noite que se fazem os roubos, embora nos tempos que correm a cortina da noite já não seja necessária para os cobiçadores do alheio. Não admira que sejam tantos a ter medo da noite. São incontáveis as formas que nos ajudam a combater as trevas, essa dimensão do escuro, que eternamente a humanidade combate.
A noite serve para tudo e para todas as coisas da vida, sejam boas ou sejam más. A noite é a geradora das trevas, a contraposição que nos permite saborear a luz. Por isso, salva-nos a luz que cada manhã oferece sempre. Já está dito e rezado por São Francisco de Assis no maravilhoso «Canto das Criaturas»: «A longa noite escura / É gémea da manhã».

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