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sábado, 18 de novembro de 2017

O ensino deve ser aprendizagem e educação

Ao sétimo dia
1. Nesta última sexta feira (17 de novembro) participei numa conferência na Escola Gonçalves Zarco, vulgo Escola dos Barreiros, proferida pelo pediatra Mário Cordeiro, sobre «Ensinar, aprender ou educar?». Mário Cordeiro conta já uma longa caminhada de estudo à volta da educação. Por isso, lançou uma série de reflexões que devem ser tomadas em consideração por todos os educadores, mas particularmente, os professores. Neste texto deixo alguns dados que retive e que considerei terem alguma relevância.

2. A sociedade hedonista pôs de parte a espiritualidade e a frugalidade, para dar lugar única e exclusivamente à procura insaciável do «ter», levado até ao limite. A nova «religião», que alguém já chamou de «tecnologismo», veio corresponder à fome do «ter» descontrolado dos tempos modernos. A escola deixou de ser lugar de aprendizagem, para ser depósito de pessoas onde passam algum tempo diário. Quando devia a escola ser um meio onde se aprende desde logo a «saber gerir o tempo». O tempo é sempre curto e poucos, muito poucos sabem gerir o seu tempo convenientemente. Urge uma matéria que versasse sobre a gestão do tempo.

3. O mais importante da escola, o lugar do ensino, é educar para a cidadania, aliás, isto é o mais importante de todo o saber académico. De que nos valerá se tivemos excelentes alunos, mas virmos a ter péssimos cidadãos? - Daí que ao ensino compete ensinar (salve-se a redundância) o rigor, a ética e a estética. E porque é necessário não perder a memória os currículos escolares devem principalmente privilegiar as disciplinas de história, geografia, filosofia e uma outra que ainda não existe, mas que devia existir, a história da arte. A cultura e arte têm que entrar na aprendizagem.

4. O pediatra Mário Cordeiro defendeu o fim, aos «quadros de honra», porque os alunos não podem ser aferidos com base nas notas. Quanto esta forma de avaliação dos alunos provoca exclusão e quiçá profundas injustiças? – Por isso, devia desaparecer das escolas, porque faz mergulhar professores e alunos numa tremenda pressão. Nenhum aluno devia ser avaliado pelas notas que produz. «Se for só por aí, para entrar no quadro de honra, prefiro ser desonrado» - espicaçou o palestrante. Os «quadros de honra» nas escolas são um péssimo serviço à educação e não contribuem em nada para a verdadeira aprendizagem.

5. Mário Cordeiro, categoricamente defende também o fim «dos trabalhos de casa», para permitir que os alunos tenham tempo livre para respirar, descansar, relaxar, poupar tempo e ganhar tempo para outras ações que não são possíveis serem feitas durante o tempo escolar. Por exemplo, estarem juntos com os pais no ambiente familiar. Hoje uma realidade tão necessária para o crescimento das crianças e a integridade dos jovens.

6. Enfim, desafios ou lembranças em tanta quantidade que se conclui com a questão, o tema da conferência: «Ensinar, aprender ou educar?», que até se pode conjugar com mais duas perguntas que devem andar na cabeça de muitas pessoas nos dias de hoje: para que serve a escola? O que andamos a fazer na escola? – Ensaio, responder… Deve a escolar estar ciente de que pode e deve realizar a sua missão que se concentra naquele misto que deve ser toda a beleza que é a aprendizagem: ensinar, aprender e educar. Não só para uns, mas para todos os agentes que fazem a escola. 

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