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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O mistério de Deus escondido revelou-se

Pão quente da Palavra
No último domingo do Advento, a Liturgia intensifica o apelo à descoberta da vida plena e da salvação definitiva de Deus que nos é oferecida com a Incarnação de Jesus. O Natal é a manifestação dessa oferta.
A primeira leitura apresenta uma promessa que Deus faz ao rei David, anunciada pelo profeta Natã. O profeta garante que Deus nunca abandonará o seu povo e que o guiará sempre para a felicidade. O desejo profundo de Deus é oferecer ao seu povo a estabilidade, a prosperidade, a segurança, a paz, a fartura, a fecundidade, a felicidade para sempre. Tudo o que neste mundo provoca para o contrário indigno e desumano desta realidade está contra a vontade Deus. Por isso, o
Natal quebra as correntes que amarram a humanidade no caminho da injustiça, da mentira, da corrupção, da violência e todas as desordens que põem em causa o bem e a felicidade dos povos.
A segunda leitura denomina este plano de salvação de «mistério». A palavra grega «mysterion» (Mistério) é uma palavra significativa na teologia de Paulo, ocorre vinte e uma vezes ao longo dos seus escritos. Ela refere-se ao conhecimento que vai além da compreensão de pecadores, mas, que agora tem sido graciosamente revelado por meio do Evangelho.
A própria palavra traduzida «mistério» ou «mistérios» no Novo Testamento (e estas palavras só se encontram no Novo Testamento) significa «segredo». E diante do Mistério, resta-nos o silêncio e uma verdade elementar, é mais o que não sabemos sobre a essência de Deus, do que aquilo que sabemos. Por isso, deixemos o nosso olhar interior contemplar essa realidade e isso é suficiente, para que a nossa fé encontre todo o sentido para ser útil à vida.
Neste sentido, São Paulo afirma que Deus revelou um pouco o seu «mistério» em Jesus, e, sobretudo, garante que Deus manifestou, em Jesus, a todos os povos, a fim de que a humanidade inteira integre a família de Deus.
O Evangelho mais uma vez nos atesta que Jesus faz parte da história humana, é realidade bem concreta, faz-se carne igual à nossa carne. Porém, nada disto é completamente novo, novo sim, é compreendermos que o fim deste acontecimento radica na intenção que assiste o coração de Deus que nos oferece a salvação. Mas, tudo isto acontece mediante a vontade e a liberdade dos homens e mulheres em todos os tempos quando se predispõem a dizer «sim» ao propjecto de Deus, acolher Jesus nas suas vidas e apresentar a Boa Notícia de felicidade e salvação para o mundo inteiro. Nada é feito como imposição, mas proposta livre para uma humanidade livre.
Assim começa o Natal de Jesus que deve ser o «nosso» Natal, porque Deus não precisa de nascer, mas somos nós que devemos neste tempo fazer renascer a alma para a luz da fé e da esperança apesar das sombras negras que pairam sobre o mundo que nos rodeia. Sejamos luz que brilha pujante nos caminhos da felicidade. 

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